segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pontos fracos

Dor, dor, dor. Três letras, palavra repetida três vezes sem parar. Mas a insistência não mensura o peso, a essência dessa faca cravada dentro de mim, dessa ferida insuportável e sem nome que eu não sei de onde veio, pra onde vai, quando vai, quando e se vai sarar, cicatrizar de vez.

Explodiu de novo. A ferida abriu de novo. Os pontos nunca são fortes o suficiente pra segurar essa pressão absurda que corre em minhas veias. Explode, estoura... Escorre sangue pelo nariz, ouvido, pulsos.

E no chão, o sangue, irônico, se mistura poeticamente às lágrimas que escorrem por meus joelhos quando eu me sento ali, cabeça abaixada, olhos apertados, punhos cerrados com força pra tentar aliviar, neutralizar essa dor tão ácida que me corrói, me destrói por dentro, por inteira.

CP

Cacos

Pega teu espelho quebrado
e corta o rosto com os cacos
da imagem que não te satisfaz.

Queima as fotos em que bocas
estranhas sorriem. Emoldura
as cinzas na tua caixa de saudades.

Teu futuro é o presente inerte.


CP