quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Chão de março
O necessário deleite
da fumaça quente
que aquece os pulmões
nos rigorosos invernos
da solidão.
Trago. Trago. Mais um trago.
Ainda trago nas costas o peso da existência.
E, de novo, agosto.
A meu gosto, deitaria num chão de março,
pra chuva diluir qualquer resquício de lágrima
e dor.
(AGO/2012)
CP
Prática
O insuportável é questão de prática.
Aprende-se a nadar com o ciclo da maré.
Dessaliniza-se, fica mais doce,
mas não prefiro o rio ao mar.
(JUL/2012)
CP
O canto
Não escrevi versos,
não deixei pegadas no percurso.
Na tábua corrida e nas cartas antigas,
ficaram apenas marcas e rugas
das lágrimas que dediquei, de joelhos,
ao seu pedestal no canto da sala.
E no Canto da angústia,
permanece, insistente,
o cheiro amargo
de um último cigarro antes do sono.
Do fogo que apaguei
com um grito de fumaça e dor
que me sufocavam o peito.
Recomeço.
(abril/2012)
CP
não deixei pegadas no percurso.
Na tábua corrida e nas cartas antigas,
ficaram apenas marcas e rugas
das lágrimas que dediquei, de joelhos,
ao seu pedestal no canto da sala.
E no Canto da angústia,
permanece, insistente,
o cheiro amargo
de um último cigarro antes do sono.
Do fogo que apaguei
com um grito de fumaça e dor
que me sufocavam o peito.
Recomeço.
(abril/2012)
CP
O tempo absoluto
Na madrugada além da noite,
no absoluto silêncio da vida,
converso novamente com o espelho,
mas os medos são apenas sussurrados.
Temo ouvir meus próprios segredos,
mesmo que o mundo não acorde.
Acendo devagar mais um cigarro,
a tragos delicados pra fumaça emudecer.
Silêncio e angústia. Vazio.
Enxergar-se é perecer.
(maio/2012)
CP
no absoluto silêncio da vida,
converso novamente com o espelho,
mas os medos são apenas sussurrados.
Temo ouvir meus próprios segredos,
mesmo que o mundo não acorde.
Acendo devagar mais um cigarro,
a tragos delicados pra fumaça emudecer.
Silêncio e angústia. Vazio.
Enxergar-se é perecer.
(maio/2012)
CP
Pânico
Em carne viva eu me abro,
em carne viva me mato.
Mato parte do que foi parte de mim:
fé, coragem e paixão.
Me abraço em trancas antigas,
me perco no medo de perder.
Falta-me ar, falta-me fala.
Esqueço de respirar para me lembrar de mim.
Quando tremo, me aqueço.
Mas no fundo continua tão frio...
Escureço.
Fecho os olhos e vejo meu palco.
Se acordo, me encontro só.
Só eu, com aquilo que sou eu
e com aquilo que é só meu.
Em meu peito, algo desfaz o todo.
Perco o ritmo, deixo o controle.
O silêncio que trazia paz, agora mata,
assassina meu jardim.
O vento arranca as flores,
o tempo me tira de mim.
Me rouba de mim.
A força se vai, a vida se esvai.
Falta-me ar para gritar...
Me abro em risos que me fecham em dor.
E cada noite parece o fim de uma vida inteira.
(OUT/2009)
CP
em carne viva me mato.
Mato parte do que foi parte de mim:
fé, coragem e paixão.
Me abraço em trancas antigas,
me perco no medo de perder.
Falta-me ar, falta-me fala.
Esqueço de respirar para me lembrar de mim.
Quando tremo, me aqueço.
Mas no fundo continua tão frio...
Escureço.
Fecho os olhos e vejo meu palco.
Se acordo, me encontro só.
Só eu, com aquilo que sou eu
e com aquilo que é só meu.
Em meu peito, algo desfaz o todo.
Perco o ritmo, deixo o controle.
O silêncio que trazia paz, agora mata,
assassina meu jardim.
O vento arranca as flores,
o tempo me tira de mim.
Me rouba de mim.
A força se vai, a vida se esvai.
Falta-me ar para gritar...
Me abro em risos que me fecham em dor.
E cada noite parece o fim de uma vida inteira.
(OUT/2009)
CP
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