quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Pânico

Em carne viva eu me abro,
em carne viva me mato.
Mato parte do que foi parte de mim:
fé, coragem e paixão.

Me abraço em trancas antigas,
me perco no medo de perder.
Falta-me ar, falta-me fala.
Esqueço de respirar para me lembrar de mim.

Quando tremo, me aqueço.
Mas no fundo continua tão frio...
Escureço.

Fecho os olhos e vejo meu palco.
Se acordo, me encontro só.
Só eu, com aquilo que sou eu
e com aquilo que é só meu.

Em meu peito, algo desfaz o todo.
Perco o ritmo, deixo o controle.
O silêncio que trazia paz, agora mata,
assassina meu jardim.

O vento arranca as flores,
o tempo me tira de mim.
Me rouba de mim.

A força se vai, a vida se esvai.
Falta-me ar para gritar...

Me abro em risos que me fecham em dor. 
E cada noite parece o fim de uma vida inteira.


(OUT/2009)






CP

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